Ao andar pela nossa Monte Carmelo, seja a trabalho ou mesmo a
passeio, nos deparamos com algumas situações intrigantes ou mesmo curiosas no
que diz respeito a meio ambiente.
A primeira
delas e talvez a mais evidente seja a situação de nosso córrego Mumbuca (vulgo
córrego bosteiro) que atravessa nossa cidade com os dejetos de esgoto que
recebe ao longo de seu curso que juntamente com o lixo jogado pelos populares
próximos ou transeuntes que por ali o deixam, exalando um forte cheiro, oriundo
da decomposição da matéria orgânica ali presente, cheiro este que é motivo de
incomodo constante para as pessoas que moram nas proximidades e para os
cidadãos que vez ou outra necessitam passar nas vias que margeiam o seu curso.
As margens
do rio, frequentemente com mato alto, as encostas de pedra desmoronando e lixo
em suas margens são motivos de preocupação de muita gente que por ali moram,
pois podem causar transtornos como mau cheiro, atrair animais como ratos que
procuram por restos de comida, escorpiões que se escondem entre entulhos, lixo
e entre as pedras usadas para contenção das margens do leito do rio e na época
do calor, servir de criadouros para mosquitos e outros insetos, haja vista que
com o período de estiagem a vazão de água ao longo do leito do rio diminui,
ficando assim mais estática, formando algumas pequenas poças de água,
favorecendo assim a procriação e o desenvolvimento desses insetos.
Visitando
algumas cidades vizinhas pude perceber que apesar de também terem seus córregos
passando pela cidade, a estrutura construída ao longo deles é bem mais
apresentável que a nossa, pois parte deles é pavimentada. Como exemplo podemos
citar Coromandel e Patrocínio.
Outro
problema bem comum em nossa cidade é a quantidade de lixo em lugares que ele
não deveria estar como lotes vagos, ruas margens do córrego ou mesmo no centro
da cidade onde vemos copos latas, fraudam sujas (em lotes ou quintais), restos
de alimentos a atrair ratos, digo ratos e não cuícas já que cuícas são marsupiais
silvestres parentes próximos dos gambás que não são encontrados com grande
facilidade no meio urbano, inclusive se encontram em risco de extinção, ao
contrário de nossos ratos e ratazanas que são bem numerosos em nossa cidade
devido aos depósitos de lixo improvisados que construímos para eles,
colaborando assim para sua presença e estadia em nosso meio.
Quando digo
colaborando é porque somos colaboradores ativos de toda essa situação que
presenciamos em nosso dia a dia, pois o lixo e mesmo alguns animais mortos que
aparecem nesses locais não aparecem lá sozinhos ou andam com as próprias pernas
até onde são depositados. Normalmente são jogados lá por pessoas que não tem
noção do impacto dessas ações para suas próprias vidas, ou que não pensam que
simplesmente estão transferindo o problema de lugar ao invés de resolvê-lo de
uma forma mais definitiva.
O mais
interessante disso tudo é que muitas vezes essas mesmas pessoas reclamam dos
problemas oriundos dessas atitudes desmedidas. Falam do mosquito da dengue incomodando, mas
não tomam cuidado com os lixos que jogam nos lotes e nem com os depósitos de
água que deixam em suas próprias casas, servindo de criadouros para os mesmos,
acham ruim as visitas frequentes de ratos, ratazanas, camundongos e demais
animais que proveem de toda essa problemáticas, mas nada fazem para mudar isso,
ao contrário, continuam a despejar seus lixos em lugares impróprios e acham que
o poder público é obrigado a dar conta disso tudo sem que essa mesma população
cumpra com sua parcela nessa tarefa que é de todos.
O poder
público, por sua vez, quase nada faz e quando o faz é de forma ineficaz com
medidas paliativas que nada resolvem, promovendo mutirões de limpeza que nada
mais servem do que deixar tudo limpo para que a população suje novamente para
que o mesmo órgão publique coloque seus funcionários a limpar novamente pra que
seja sujo novamente e assim sucessivamente em um ciclo vicioso colocando o povo
mal acostumado, haja vista que é muito cômodo a população continuar sujando
tendo em vista que sempre terá o poder público pra limpar para ela sem que uma
politica socioambiental e educacional seja promovida de forma eficaz e
permanente.
O que mais
me deixa perplexo diante dessa problemática é que estamos em pleno século XXI,
com internet e a vasta quantidade de informação trazida por ela e por outros
meios de comunicação, ainda temos tais medidas a ser tomadas diante de tais
problemas aparentemente tão simples, o que me faz pensar em duas coisas: não é
interessante que esses problemas sejam resolvidos tendo em vista a
possibilidade de se explorar o problema para fins políticos e que talvez a
questão não seja somente falta de informação e sim também de conscientização e
educação, tanto a educação adquirida no berço como aquela conquistada nas
escolas através do conhecimento obtidos pelos nossos mestres e pelos livros.
Sem mais
delongas, em Monte Carmelo existem vários outros problemas de cunho ambiental
que já deveriam receber uma atenção maior por parte de nossos gestores públicos,
seja das gestões passadas ou mesmo da atual, que se não fossem pelo nosso
tradicional jogo de empurra empurra
poderiam estar pelo menos mitigados senão resolvidos.
A questão
das queimadas no perímetro urbano de Monte Carmelo a consumir nosso cerrado
local; o saneamento básico precário precisando de uma melhor estrutura cito
aqui como exemplo a cidade de Patrocínio que já disponibiliza de uma verba de
R$ 17 (dezessete milhões de reais) para a construção de uma nova estação de
tratamento de água que ira atender a cidade pelos próximos cinquenta anos
enquanto a nossa ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), tão simples e tão
singela, que nem mesmo sabemos se ela
atende a atual necessidade de Monte Carmelo custou aos cofres públicos cerca de
12 milhões, segundo informações de pessoas bem informadas de nossa cidade; as
erosões mencionadas por alguns moradores de bairros como o campestre e que
frequentemente são utilizadas por pessoas de má índole, fato que se repete com
a matinha, um lugar tão maravilhoso que poderia ser utilizada como área de
educação ambiental para que alunos e os nossos filhos fossem educados a
preservar e respeitar a natureza está hoje abandonada entregue a usuários de
drogas e pessoas que praticam macumbaria por ali, isso quando não esta sendo
engolida silenciosamente por condomínios e por fazendas.
Esses são
somente alguns exemplos de situações que poderiam ser melhoradas em nossa
cidade com a ajuda conjunta de população e governo público trabalhando para a
melhoria de nosso meio ambiente que tanto nos oferece e que é tão agredido por
nós.
Sinceramente
espero que as atuais gestões e as futuras também possam explorar melhor essas ideias
de forma a proporcionar para a cidade um meio ambiente mais saudável e
harmônico para as futuras gerações. Essas são as minhas expectativas enquanto
pessoa e profissional.
Enquanto
isso não acontece, deixo aqui um exemplo vivo de que a natureza encontra seus
meios pra sobreviver e continuar seguindo diante de tantas adversidades
impostas por nós.
Essa garça branca foi fotografada
por mim às margens do córrego Mumbuca, vulgo córrego bosteiro em um de seus
pontos mais poluídos.
Essa garça branca foi
fotografada por mim às margens do córrego Mumbuca, vulgo córrego bosteiro
em um de seus pontos mais poluídos.
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