terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Dengue: problema de saúde pública, responsabilidade de todos nós


Além de bacharel e licenciado em biologia sou também Agente de Controle de Endemias por 12 anos e ao longo de minha experiência profissional na área, percebo que a dengue representa um problema a todos nós ao longo dos anos, mesmo com a quantidade de informação disponível nos telejornais e jornais escritos e mais ainda, na internet onde essas mesmas informações estão disponíveis em profusão, mais que em qualquer outro meio de comunicação. São publicações e mais publicações a respeito dessa doença e também de uma outra doença de nome estranho transmitida pelo Aëdes aegypti: febre chikungunya. Autoridades públicas da área de saúde, seja do meio científico ou administrativo não medem esforços para combater o vetor dessas enfermidades. Mesmo com tanto empenho, percebe-se que estamos em desvantagem, pois somente medidas profiláticas oriundas de um só lado não resolvem a situação, pois com a população não se conscientizando de seu papel no combate a esse vetor e na proliferação da dengue dificilmente conseguiremos amenizar nossa situação e estaremos a cada ano, sujeitos a surtos mais severos da doença em nosso meio. Por mais que se fabrique vacinas e campanhas sejam promovidas sem que para isso as pessoas olhem para dentro de suas casas e olhem o que tem de água parada e que contribuam para a proliferação do mosquito.

http://g1.globo.com/pa/para/especial-publicitario/hapvida/noticia/2014/11/saiba-como-diferenciar-dengue-da-febre-chikungunya.html

http://sintomasdadengue.net.br/mosquito-da-dengue/

 

Meio Ambiente em Monte Carmelo







 
Ao andar pela nossa Monte Carmelo, seja a trabalho ou mesmo a passeio, nos deparamos com algumas situações intrigantes ou mesmo curiosas no que diz respeito a meio ambiente.

            A primeira delas e talvez a mais evidente seja a situação de nosso córrego Mumbuca (vulgo córrego bosteiro) que atravessa nossa cidade com os dejetos de esgoto que recebe ao longo de seu curso que juntamente com o lixo jogado pelos populares próximos ou transeuntes que por ali o deixam, exalando um forte cheiro, oriundo da decomposição da matéria orgânica ali presente, cheiro este que é motivo de incomodo constante para as pessoas que moram nas proximidades e para os cidadãos que vez ou outra necessitam passar nas vias que margeiam o seu curso.

            As margens do rio, frequentemente com mato alto, as encostas de pedra desmoronando e lixo em suas margens são motivos de preocupação de muita gente que por ali moram, pois podem causar transtornos como mau cheiro, atrair animais como ratos que procuram por restos de comida, escorpiões que se escondem entre entulhos, lixo e entre as pedras usadas para contenção das margens do leito do rio e na época do calor, servir de criadouros para mosquitos e outros insetos, haja vista que com o período de estiagem a vazão de água ao longo do leito do rio diminui, ficando assim mais estática, formando algumas pequenas poças de água, favorecendo assim a procriação e o desenvolvimento desses insetos.

            Visitando algumas cidades vizinhas pude perceber que apesar de também terem seus córregos passando pela cidade, a estrutura construída ao longo deles é bem mais apresentável que a nossa, pois parte deles é pavimentada. Como exemplo podemos citar Coromandel e Patrocínio.

            Outro problema bem comum em nossa cidade é a quantidade de lixo em lugares que ele não deveria estar como lotes vagos, ruas margens do córrego ou mesmo no centro da cidade onde vemos copos latas, fraudam sujas (em lotes ou quintais), restos de alimentos a atrair ratos, digo ratos e não cuícas já que cuícas são marsupiais silvestres parentes próximos dos gambás que não são encontrados com grande facilidade no meio urbano, inclusive se encontram em risco de extinção, ao contrário de nossos ratos e ratazanas que são bem numerosos em nossa cidade devido aos depósitos de lixo improvisados que construímos para eles, colaborando assim para sua presença e estadia em nosso meio.

            Quando digo colaborando é porque somos colaboradores ativos de toda essa situação que presenciamos em nosso dia a dia, pois o lixo e mesmo alguns animais mortos que aparecem nesses locais não aparecem lá sozinhos ou andam com as próprias pernas até onde são depositados. Normalmente são jogados lá por pessoas que não tem noção do impacto dessas ações para suas próprias vidas, ou que não pensam que simplesmente estão transferindo o problema de lugar ao invés de resolvê-lo de uma forma mais definitiva.

            O mais interessante disso tudo é que muitas vezes essas mesmas pessoas reclamam dos problemas oriundos dessas atitudes desmedidas.  Falam do mosquito da dengue incomodando, mas não tomam cuidado com os lixos que jogam nos lotes e nem com os depósitos de água que deixam em suas próprias casas, servindo de criadouros para os mesmos, acham ruim as visitas frequentes de ratos, ratazanas, camundongos e demais animais que proveem de toda essa problemáticas, mas nada fazem para mudar isso, ao contrário, continuam a despejar seus lixos em lugares impróprios e acham que o poder público é obrigado a dar conta disso tudo sem que essa mesma população cumpra com sua parcela nessa tarefa que é de todos.

            O poder público, por sua vez, quase nada faz e quando o faz é de forma ineficaz com medidas paliativas que nada resolvem, promovendo mutirões de limpeza que nada mais servem do que deixar tudo limpo para que a população suje novamente para que o mesmo órgão publique coloque seus funcionários a limpar novamente pra que seja sujo novamente e assim sucessivamente em um ciclo vicioso colocando o povo mal acostumado, haja vista que é muito cômodo a população continuar sujando tendo em vista que sempre terá o poder público pra limpar para ela sem que uma politica socioambiental e educacional seja promovida de forma eficaz e permanente.

            O que mais me deixa perplexo diante dessa problemática é que estamos em pleno século XXI, com internet e a vasta quantidade de informação trazida por ela e por outros meios de comunicação, ainda temos tais medidas a ser tomadas diante de tais problemas aparentemente tão simples, o que me faz pensar em duas coisas: não é interessante que esses problemas sejam resolvidos tendo em vista a possibilidade de se explorar o problema para fins políticos e que talvez a questão não seja somente falta de informação e sim também de conscientização e educação, tanto a educação adquirida no berço como aquela conquistada nas escolas através do conhecimento obtidos pelos nossos mestres e pelos livros.

            Sem mais delongas, em Monte Carmelo existem vários outros problemas de cunho ambiental que já deveriam receber uma atenção maior por parte de nossos gestores públicos, seja das gestões passadas ou mesmo da atual, que se não fossem pelo nosso tradicional jogo de empurra empurra  poderiam estar pelo menos mitigados senão resolvidos.

            A questão das queimadas no perímetro urbano de Monte Carmelo a consumir nosso cerrado local; o saneamento básico precário precisando de uma melhor estrutura cito aqui como exemplo a cidade de Patrocínio que já disponibiliza de uma verba de R$ 17 (dezessete milhões de reais) para a construção de uma nova estação de tratamento de água que ira atender a cidade pelos próximos cinquenta anos enquanto a nossa ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), tão simples e tão singela, que nem mesmo sabemos  se ela atende a atual necessidade de Monte Carmelo custou aos cofres públicos cerca de 12 milhões, segundo informações de pessoas bem informadas de nossa cidade; as erosões mencionadas por alguns moradores de bairros como o campestre e que frequentemente são utilizadas por pessoas de má índole, fato que se repete com a matinha, um lugar tão maravilhoso que poderia ser utilizada como área de educação ambiental para que alunos e os nossos filhos fossem educados a preservar e respeitar a natureza está hoje abandonada entregue a usuários de drogas e pessoas que praticam macumbaria por ali, isso quando não esta sendo engolida silenciosamente por condomínios e por fazendas.

            Esses são somente alguns exemplos de situações que poderiam ser melhoradas em nossa cidade com a ajuda conjunta de população e governo público trabalhando para a melhoria de nosso meio ambiente que tanto nos oferece e que é tão agredido por nós.

            Sinceramente espero que as atuais gestões e as futuras também possam explorar melhor essas ideias de forma a proporcionar para a cidade um meio ambiente mais saudável e harmônico para as futuras gerações. Essas são as minhas expectativas enquanto pessoa e profissional.

            Enquanto isso não acontece, deixo aqui um exemplo vivo de que a natureza encontra seus meios pra sobreviver e continuar seguindo diante de tantas adversidades impostas por nós.

 
Essa garça branca foi fotografada por mim às margens do córrego Mumbuca, vulgo córrego bosteiro em um de seus pontos mais poluídos.
Essa garça branca foi fotografada por mim às margens do córrego Mumbuca, vulgo córrego bosteiro em um de seus pontos mais poluídos.
 
 

Questionamentos que Tocam a Alma

 
Ao ler o livro "O Vendedor de Sonhos" de autoria do renomado psiquiatra Augusto Cury me encantei com uma passagem que ao meu ver resume bem nosso ser tanto do ponto de vista biológico quanto pelo campo mental e religioso. Não farei apologia a nenhuma religião em específico, pois essa não é a intenção do blog Biólogos de Plantão, haja vista que o mesmo foi criado em sua essência para abordar assuntos de interesse técnico-científico sobre biologia e afins. Como a citação, em parte, faz alusão a tais interesses, optei por cita-la aqui nesse blog para que quem a ler possa ter uma reflexão sobre a mesma.

"Eu lhe respondo se primeiramente me responder. De que fonte filosófica, religiosa ou científica você bebeu para defender a tese de que a morte é o fim da existência? Somos átomos vivos que se desintegram para nunca mais resgatar a sua estrutura? Somos apenas um cérebro organizado ou temos uma psique que coexiste com o cérebro e transcende seus limites? Que mortal o sabe? Que religioso pode defender seu pensamento se não usar o elemento da fé? Que neurocientista pode defender seus argumentos se não usar o fenômeno da especulação? Que ateu ou agnóstico pode defender suas ideias sem margem de insegurança e sem distorções?" (CURY, A. J.; O Vendedor de Sonhos O Chamado. 8. ed. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008. 25 p.)